Plataforma da Qualidade do AR
A Plataforma da Qualidade do Ar é uma iniciativa do Instituto de Energia e Meio Ambiente com a colaboração dos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente (OEMAs), desenvolvida para integrar e divulgar informações sobre qualidade do ar no Brasil. Usando funções de pesquisa, a Plataforma permite acesso a séries históricas de dados de concentração de poluentes por estado e por tipo de poluente, sistematizadas a partir dos Relatórios Anuais de Qualidade do Ar 1 dos Estados e a partir do acesso direto a dados horários e diários. Por meio da Plataforma, é possível fazer download da base de dados nacional, e também acessar diagnósticos sobre a estrutura das redes de monitoramento no país, regulações e estudos. A Plataforma auxilia, assim, o acompanhamento da evolução de um dos principais instrumentos da gestão da qualidade do ar: o monitoramento. Proporciona-se, portanto, maior acesso da sociedade às informações ambientais, gerando importante contribuição para iniciativas voltadas à proteção da saúde, ao bem-estar nas cidades e à busca por um meio ambiente saudável.
1 Os órgãos estaduais do meio ambiente (OEMAs) compilam as informações sobre as condições meteorológicas e sobre as concentrações de poluentes durante o ano em Relatórios Anuais de Qualidade do Ar.
Como a plataforma foi desenvolvida?
A Plataforma da Qualidade do Ar nasceu do 1º Diagnóstico da Rede de Monitoramento da Qualidade do Ar no Brasil, e também da necessidade de organizar e manter uma base de dados nacional que desse suporte, entre outras coisas, à definição de novos padrões nacionais de qualidade do ar pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA 2) e seu futuro acompanhamento.
Para maiores detalhes da metodologia utilizada pela plataforma clique aqui.

2 CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente é o órgão executivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA).
A partir desse trabalho, é possível acompanhar continuamente a evolução da rede de monitoramento brasileira. Essa informação pode ser consultada no mapa interativo, que ilustra o número de estações com dados disponíveis por ano e poluente monitorado.
Saiba mais sobre os poluentes do ar
A poluição do ar, especialmente nas grandes cidades, tem sido associada ao agravamento de doenças respiratórias, cardiovasculares e neurológicas, especialmente em crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas. Estudos indicam também a correlação entre a exposição a alguns poluentes e a ocorrência de diferentes tipos de câncer (WHO, 2000 e 2006; California Air Resources Board, 2011 e Brunekreef et al., 2012, Olmo et al., 2011, Miranda et al., 2012). Os impactos dos poluentes presentes no ar sobre os ecossistemas também merecem atenção, já que sua interação na atmosfera pode ocasionar deposição de poeira e acidificação das águas da chuva, contaminando os corpos d’água, seus biomas, o solo e as plantas, levando à redução da capacidade fotossintética (MassDEP, 2011). São impactos que também redundam em efeitos negativos sob a perspectiva econômica e social; basta mencionar a maior vulnerabilidade das populações carentes, o aumento dos custos dos sistemas de saúde com as internações hospitalares e a queda da produtividade agrícola, dentre outros exemplos (apud IEMA, 2014).
Esse cenário remete a uma definição genérica que considera poluente qualquer substância presente no ar e que, pela sua concentração, possa torná-lo impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, causando inconveniente ao bem-estar público, danos aos materiais, à fauna e à flora, ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade (CETESB, 2014).
Uma vez que a variedade das substâncias que podem ser encontradas na atmosfera é muito grande, torna-se difícil estabelecer uma classificação para as mesmas. Para tornar isso mais fácil, os poluentes são divididos em duas categorias:
- Poluentes primários: aqueles emitidos diretamente pelas fontes de emissão.
- Poluentes secundários: aqueles formados na atmosfera através de reações químicas entre poluentes primários e componentes naturais desse meio.
Já as substâncias poluentes podem ser classificadas das seguintes formas:
Poluente |
Especificação |
Compostos Halogenados |
HCIHF
Cloretos
Fluoretos
|
Metais Pesados |
Pb, Cd, As, Ni e outros |
Material Particulado |
Mistura de compostos no estado sólido ou líquido |
Oxidantes Fotoquímicos |
O3
Formaldeído
Acroleína
PAN etc.
|
Compostos de Enxofre |
SO2, SO3, Sulfatos, Compostos de Enxofre Reduzido (H2S, Mercaptanos, Dissulfeto de carbono etc.)
|
Compostos de Nitrogênio |
NO, NO2, NH3, HNO3, Nitratos |
Compostos Orgânicos |
Hidrocarbonetos, Álcoois, Cetonas, Ácidos Orgânicos
|
Monóxido de Carbono |
CO |
Fonte: Cetesb (2014)
Ainda que a presença de todos esses poluentes seja igualmente preocupante, nem todos são monitorados o tempo todo e em qualquer lugar. A medição sistemática da qualidade do ar é restrita a determinados poluentes, definidos em função de sua importância e dos recursos disponíveis para seu acompanhamento. Isso significa que um dado grupo foi escolhido e adotado universalmente, servindo como poluentes indicadores de qualidade do ar, tanto pela frequência de sua ocorrência quanto pelos níveis de exposição humana e potenciais efeitos já citados. São eles:
Partículas Totais em Suspensão (PTS)
Partículas Totais em Suspensão (PTS)
De maneira simplificada, podem ser definidas como aquelas cujo diâmetro aerodinâmico é menor que 50 µm. Uma parte destas partículas é inalável e pode causar problemas sérios à saúde, outra parte pode afetar desfavoravelmente a qualidade de vida da população, interferindo nas condições estéticas do ambiente e prejudicando as atividades normais da comunidade.
Partículas Inaláveis (MP10)
Partículas Inaláveis (MP10)
Podem ser definidas de maneira simplificada como aquelas cujo diâmetro aerodinâmico é menor que 10 µm. Dependendo da distribuição de tamanho na faixa de 0 a 10 µm, podem ficar retidas na parte superior do sistema respiratório ou penetrar mais profundamente, alcançando os alvéolos pulmonares.
Partículas Inaláveis Finas (MP2,5)
Partículas Inaláveis Finas (MP2,5)
Podem ser definidas de maneira simplificada como aquelas cujo diâmetro aerodinâmico é menor que 2,5 µm, e provêm, sobretudo, da queima de combustíveis fósseis. Devido ao seu tamanho diminuto, penetram profundamente no sistema respiratório, podendo atingir os alvéolos pulmonares.
Fumaça (FMC)
Fumaça (FMC)
Está associada ao material particulado suspenso na atmosfera e, como o MP10 e o MP2,5, está fortemente associada aos processos de combustão, tendo como sua maior fonte os veículos automotores. O método de determinação da fumaça é baseado na medida de refletância da luz que incide na poeira (coletada em um filtro), o que confere a este parâmetro a característica de estar diretamente relacionado ao teor de fuligem na atmosfera.
Dióxido de Enxofre (SO2)
Dióxido de Enxofre (SO2)
É um gás tóxico e incolor que pode ser emitido por fontes naturais como vulcões ou por fontes antropogênicas, e que pode reagir com outros compostos na atmosfera, formando material particulado de diâmetro reduzido. A emissão antropogênica é causada pela queima de combustíveis fósseis que contêm enxofre em sua composição, tendo nas atividades de geração de energia, uso veicular e aquecimento doméstico as que apresentam emissões mais significativas. Entre os efeitos à saúde, podem ser citados o agravamento dos sintomas da asma e outros problemas respiratórios. Tais óxidos são precursores da formação de material particulado secundário, e, no ambiente, podem reagir com a água na atmosfera, formando chuva ácida.
Monóxido de Carbono (CO)
Monóxido de Carbono (CO)
É um gás inodoro e incolor, formado no processo de queima de combustíveis. Sua principal fonte de emissão está nos processos de combustão que ocorrem em condições não ideais, em que não há oxigênio suficiente para realizar a queima completa do combustível.
A maior parte das emissões em áreas urbanas são decorrentes dos veículos automotores.
Este gás tem alta afinidade com a hemoglobina no sangue, substituindo o oxigênio e reduzindo a alimentação deste ao cérebro, ao coração e para o resto do corpo, durante o processo de respiração. Em baixa concentração, causa fadiga e dor no peito; Em baixa concentração, causa fadiga e dor no peito; em alta concentração, pode levar à asfixia e à morte.
Ozônio Troposférico (O3)
Ozônio Troposférico (O3)
O ozônio é encontrado naturalmente na estratosfera (camada da atmosfera terrestre situada entre 15 e 50 km de altitude), onde tem a importante função de absorver radiação solar, impedindo que grande parte dos raios ultravioletas solares cheguem a superfície terrestre. Já na troposfera (camada inferior da atmosfera), o O3 possui caráter nocivo e altamente oxidante, tratando-se de um poluente secundário, ou seja, que não é emitido diretamente, mas formado a partir de outros poluentes atmosféricos.
A formação do Ozônio Troposférico ocorre através de reações químicas complexas que acontecem entre o dióxido de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, na presença de radiação solar. Esses poluentes primários que formam o ozônio têm como principais fontes de emissão a queima de combustíveis fósseis, a volatilização de combustíveis, a criação de animais e a agricultura.
Entre os efeitos à saúde estão o agravamento dos sintomas de asma, de deficiência respiratória, bem como de outras doenças pulmonares (enfisemas, bronquites etc.) e cardiovasculares (arteriosclerose). Um longo tempo de exposição pode ocasionar redução na capacidade pulmonar, desenvolvimento de asma e redução na expectativa de vida. Além de efeitos sobre a saúde humana, o O3 também é considerado um agente climático de vida curta, contribuindo para o aquecimento global.
Hidrocarbonetos (HC)
Hidrocarbonetos (HC)
São gases e vapores resultantes da queima incompleta e evaporação de combustíveis e de outros produtos orgânicos voláteis. Diversos hidrocarbonetos, como o benzeno, são cancerígenos e mutagênicos, não havendo uma concentração ambiente totalmente segura. Participam ativamente das reações de formação da “névoa fotoquímica”.
Óxido de Nitrogênio (NO) e Dióxido de Nitrogênio (NO2)
Óxido de Nitrogênio (NO) e Dióxido de Nitrogênio (NO2)
Formados durante processos de combustão. Em grandes cidades, portanto, os veículos geralmente são os principais responsáveis pela emissão dos óxidos de nitrogênio. O NO, sob a ação de luz solar se transforma em NO2 e tem papel importante na formação de oxidantes fotoquímicos como o Ozônio Troposférico
As fontes de (NO2) podem ser tanto naturais (vulcanismos, ações bacterianas, descargas elétricas) quanto antropogênicas (processos de combustão em fontes móveis e fixas). As emissões naturais acontecem em maior escala do que as provocadas pelo homem, porém, em razão de sua distribuição sobre o globo terrestre, tem menor impacto sobre as concentrações nos centros urbanos. Altas concentrações de NO2 podem levar ao aumento de internações hospitalares decorrentes de problemas respiratórios ou pulmonares e do agravamento à resposta das pessoas sensíveis a alérgenos. No ambiente, pode levar a formação de chuvas ácidas e smog fotoquímico *.
* O termo smog vem da junção das palavras em inglês smoke e fog, que significam nevoeiro e neblina, respectivamente. Ele é formado, geralmente, em centros urbanos poluídos, oriundo das reações de NO e NO2 lançados na atmosfera, sob o efeito da radiação solar. Quando formado na atmosfera, diminui a visibilidade.
Tipo de monitoramento
A rede de monitoramento em cada estado tem características bastante particulares que dependem de muitos fatores, desde o objetivo do monitoramento, da capacidade de investir em sua ampliação e manutenção, até o modelo de gestão, que pode ter diferentes formatos, envolvendo os órgãos ambientais diretamente ou por meio do auxílio de empresas especializadas. Outro conjunto de particularidades refere-se à estrutura, à distribuição no território e a diferenças entre equipamentos e métodos de medição adotados.
Características da rede monitora
Entre os fatores que definem a característica de uma rede de monitoramento estão:
- Tipo de operação: manual ou automática;
- Número de estações e sua localização em função dos objetivos do monitoramento;
- Número e tipo de monitores em cada estação (passivos, ativos ou contínuos);
- Poluentes e parâmetros meteorológicos monitorados;
- Intervalos de geração de dados;
- Representatividade das informações geradas.
Essas informações podem ser verificadas no detalhamento de cada estação apresentada nesta Plataforma.
De acordo com Martínez e Romieu (1997, apud IEMA 2014), as tipologias de monitores podem ser assim distinguidas:
Passivos
Passivos
Dispositivos, em geral, na forma de tubos ou discos, que absorvem ou adsorvem poluentes específicos através de uma reação química. Após certo tempo de exposição (de poucas horas a um mês), a amostra é analisada em laboratório. Essa metodologia pode ser aplicada a uma grande variedade de poluentes como NH3, BTX (benzeno-tolueno–xileno), SO2, NOX, O3, HF, HCl, aldeídos e compostos orgânicos voláteis.
Ativos ou manuais
Ativos ou manuais
Diferenciam-se dos anteriores por requererem energia elétrica, sendo esta necessária para bombear a amostra através de um meio de coleta, físico ou químico. Além disso, o tempo de amostragem é menor, variando de 24h a alguns dias. Poluentes gasosos usualmente reagem pela passagem (borbulho) da amostra em uma solução reagente, que é recolhida e analisada em laboratório através de técnicas como cromatografia gasosa ou espectrometria de massa. Essa técnica tem sido empregada para amostragem de PTS, MP10, MP2,5, hidrocarbonetos, compostos orgânicos voláteis, dioxinas, pesticidas etc.
Automáticos ou contínuos
Automáticos ou contínuos
São instrumentos que se baseiam nas propriedades físico-químicas dos poluentes. A amostra é analisada em tempo real através de métodos óptico-eletrônicos como absorção de ultravioleta ou infravermelho, fluorescência, quimiluminescência etc. Além da análise imediata, esses monitores se diferenciam pela confiabilidade, acurácia, alto custo e por requererem alto padrão de manutenção, operação e controle de qualidade de procedimentos.
Semiautomáticos ou manuais
Semiautomáticos ou manuais
Monitores localizados em estações visitadas periodicamente por técnicos que fazem a aferição, programação e troca de materiais que auxiliam a medição. Nessas estações, a amostragem é realizada automaticamente em um período de tempo limitado, e o técnico é responsável pela reposição dos filtros de amostragem, os quais são, posteriormente, levados a laboratório para análise, voltando, assim, a estação a operar normalmente.